Publicado em 07/06/2016 07:21
Por Mauro Zafalon, coluna Vaivém das Commodities
A indústria nacional de café poderá ter uma “tempestade perfeita” pela frente –período em que as coisas não devem andar muito bem.
As expectativas iniciais eram de uma safra maior de café e de um produto de qualidade. Seca na fase de desenvolvimento das lavouras em algumas regiões e excesso de chuva agora na colheita mudaram o cenário, principalmente para o café conilon.
A safra de café arábica vai superar a do ano passado, mas as chuvas vão provocar uma quebra de qualidade de parte do produto.
Já a produção de café conilon cai pelo segundo ano consecutivo –e com intensidade– nas duas principais regiões produtoras: Espírito Santo e Rondônia.
Com isso, “a indústria já tem problema de abastecimento e há uma disputa interna pelo café”, diz Nathan Herszkowicz, diretorexecutivo da Abic (Associação Brasileira da Indústria de Café).
Mas as indústrias não têm pela frente apenas uma redução de safra –o que já eleva os custos–, o desafio será também manter o blend da bebida que os consumidores estão habituados.
Além da qualidade menor da matériaprima, as indústrias terão de utilizar, neste ano, mais café arábica do que vinham usando nos anos recentes, devido à quebra de safra de conilon.
O resultado final da bebida pode até ser melhor, dependendo da qualidade do arábica, mas as indústrias têm de fazer essa passagem com cuidado para não interferir muito no produto a que os consumidores estão acostumados, de acordo com Herszkowicz.
Estoques baixos, câmbio favorável às exportações e produtor segurando o café nos armazéns à espera de preços melhores provocaram uma alta de 73% nos preços pagos pelas indústrias pelo café conilon nos últimos 12 meses. No caso do arábica, a alta foi de 8% no período.
Em 2015, o café teve alta de 17% nas prateleiras dos supermercados, enquanto neste ano o aumento é de 6%, segundo pesquisas feitas pela associação das indústrias.
Comparando esses valores nos supermercados e o aumento da matériaprima no campo, Herszkowicz afirma que o setor industrial vai ter de realizar algum repasse nos preços que serão pagos pelos consumidores.
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