
Principais pesquisadores do país se reuniram em Campinas-SP para discutir a resistência da ferrugem asiática na soja
Os principais fitopatologistas do país estiveram reunidos em Campinas-SP, nestes dias 3 e 4 de abril, para discutir a resistência da ferrugem asiática. Esses pesquisadores fazem parte do Eagle Team, grupo que analisa as consequências do aumento da resistência e que busca conscientizar os produtores sobre a prevenção de doenças no campo. No dia 8 de março passado, o FRAC (Comitê de Ação à Resistência de Fungicidas) noticiou que o mais novo grupo químico utilizado para o controle da ferrugem asiática – as carboxamidas ou SDHIs – foi vencido pela ferrugem. Portanto, hoje, os patógenos já estão resistentes aos principais produtos sistêmicos.
A ferrugem asiática da soja é a doença que mais impacta a cultura atualmente, devido ao grande potencial de perdas de produtividade.
João Batista Olivi participou deste evento em Campinas e entrevistou alguns desses pesquisadores, além de ouvir empresários do setor de defensivos. Na primeira entrevista da série, a pesquisadora da Embrapa Soja, engenheira agrônoma, doutora em Fitopatologia pela Universidade de São Paulo, Cláudia Godoy faz um relato sobre os impactos da perda de eficiência das carboxamidas e como o produtor deve se adequar ao novo manejo para aprimorar o controle do fungo.
Nesta quarta -feira (05) é a vez do professor Erlei Reis , engenheiro agrônomo , Mestre em Fitopatologia , Ph.D. em Fitopatologia (Washington State University) e professor da UPF explicar como anda a eficiência dos produtos disponíveis atualmente no mercado e como o produtor pode evitar gastos com fungicidas que não terão efeito efetivo sobre a doença.
E na quinta-feira (06) , Carlos Pellicer , presidente da UPL Brasil conversa com João Batista Olivi sobre o mercado de fungicidas e faz uma crítica às empresas que insistem em manter produtos que já não funcionam mais.
Confira a seguir a primeira entrevista com Cláudia Godoy da Embrapa :
A pesquisadora Cláudia Vieira Godoy, da Embrapa Soja, aponta que o rompimento da resistência das carboxamidas para a ferrugem asiática na soja, o que ocorreu em algumas áreas já na última safra, é bastante preocupante. Segundo Godoy, não era esperado que isso acontecesse tão rapidamente.
Essa resistência ocorreu em algumas regiões no Brasil e ainda não foi generalizado – a Região Sul contou com a maior incidência. Por isso, a pesquisadora lembra que o país continua tendo carboxamidas que estão “funcionando muito bem”.
Para a safra seguinte, há uma grande dúvida. A frequência dessas mutações pode aumentar e, como o fungo se espalha fácil, isso poderá subir para a Região Central.
Ela lembra, portanto, que nem todas as carboxamidas vão ter a mesma resposta. Isso depende também do manejo realizado por cada produtor. Para isso, ela recomenda que o plantio de soja safrinha seja evitado, além do excesso de aplicações. Somado a isso, é preciso ainda a adoção de fungicidas multissítios e de rotação de fungicidas.
A informação, portanto, será um insumo fundamental para a próxima safra. Os produtores devem se informar e evitar comprar produtos com baixa eficiência e conhecer sua situação para realizar o melhor manejo. O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) não pode evitar a safrinha, mas as Secretarias de Agricultura locais poderão entrar com uma conscientização para com os produtores.
Veja também a entrevista com o engenheiro agrônomo e pesquisador Erlei Reis, no link abaixo:
Produtos com eficiência abaixo de 80% no controle da ferrugem na soja expõe lavouras ao risco
Related Posts

Movimentação portuária de grãos soma 47 milhões de toneladas no primeiro trimestre, com destaque para soja e novos mercados
Levantamento da Associação de Terminais Portuários Privados (ATP) mostra China como maior importador e expressivo aumento de vendas ao Irã e...

Anec eleva em 1,75% previsão de exportação de soja do Brasil em maio
SÃO PAULO (Reuters) - A exportação de soja do Brasil em maio foi estimada nesta terça-feira em 14,52 milhões de toneladas, alta de 1,75% em...

Conab projeta aumento das safras de arroz, algodão, feijão, milho e soja no ciclo 2024/25
Com área e produtividade maiores, a expectativa é de uma colheita de soja de 166,28 mi de t, 12,82% superior a 23/24 Em meio aos desafios...