O Índice de Poder de Compra de Fertilizantes (IPCF) de março de 2024 alcançou o valor de 1,02. Esse resultado representa um crescimento de 5% em comparação com o mesmo período do ano anterior e um aumento de 1% em relação ao mês anterior, ainda sinalizando uma tendência positiva para o poder de compra dos fertilizantes e reforçando o potencial de crescimento contínuo no setor agrícola. A relação de troca dos principais produtos agrícolas permanece favorável, demonstrando a resiliência e adaptabilidade do setor. Ao longo do último ciclo, observou-se uma diminuição de 0,6% na média de preços das commodities agrícolas, enquanto a média de preços dos fertilizantes registrou um modesto aumento de 1,5%. Esses ajustes nos preços refletem as dinâmicas de mercado e estão incorporados no cálculo do índice.
Durante março os preços das commodities sofreram variações. A soja com destaque foi a que apresentou recuperação, com um aumento de aproximadamente 2%, em resposta às projeções de redução na produção brasileira, conforme relatado tanto pela Companhia Nacional de Abastecimento (CONAB) quanto pelo Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA). O milho registrou a maior queda, com uma diminuição de cerca de 3%, impulsionada pelo aumento da área plantada na safrinha, o que gerou perspectivas mais otimistas para a produção. Adicionalmente, os sólidos números de safra na Argentina influenciaram essa pressão nos preços, embora as intensas chuvas no país tenham posteriormente limitado as expectativas positivas. Também foi observada uma diminuição de 1% no algodão e de 2% na cana-de-açúcar.
Quanto aos fertilizantes, foi verificado um aumento médio de preços de 1,5% e, ainda assim, o Brasil tem os menores preços do mundo. Houve uma recuperação de cerca de 6% no MOP, atrelado a forte demanda de mercado; um aumento de 1,5% no SSP, um aumento de 1% no MAP e queda significativa, de quase 5%, apenas na ureia. O câmbio permaneceu estável em relação ao mês anterior, refletindo uma reação mais positiva em meio a um cenário global de menor risco, apesar da continuidade dos conflitos geopolíticos. Como resultado, houve uma leve variação do dólar para baixo, mantendo-se praticamente estável.
Os investidores continuam atentos ao encerramento do plantio da safrinha no Brasil e às divulgações do USDA sobre os planos de plantio nos Estados Unidos, que já estão influenciando o mercado com previsões de uma safra de soja maior, em comparação com o ano anterior, e uma safra de milho menor.
Entendendo o IPCF
O IPCF é divulgado mensalmente pela Mosaic Fertilizantes e consiste na relação entre indicadores de preços de fertilizantes e de commodities agrícolas. A metodologia consiste na comparação em relação à base de 2017, indicando que quanto menor a relação mais favorável o índice e melhor a relação de troca. O cálculo do IPCF leva em consideração as principais lavouras brasileiras: soja, milho, açúcar, etanol e algodão.
Metodologia
*A fonte para o cálculo dos preços dos fertilizantes no porto brasileiro é a CRU, empresa de consultoria internacional. Já os preços das commodities são apurados pela média do mercado brasileiro, em dólar, calculados com base nas publicações feitas pela Agência Estado e CEPEA.
**O índice de preços de fertilizantes inclui os valores de MAP, SSP, Ureia e KCL ponderados pelas participações respectivas de seu uso no país. Já o das commodities inclui soja, milho, açúcar, etanol e algodão, ponderado pelo consumo de fertilizantes.
***O índice é também ponderado pelo câmbio, considerado 70% dos fertilizantes (custo) e 85% das commodities (receita).
****Culturas analisadas: soja, milho, açúcar, etanol (cana-de-açúcar) e algodão.
O Plano traz medidas para os próximos 28 anos focadas em diminuir a atual dependência do produtor rural brasileiro em relação aos fertilizantes importados e aumentar a produção nacional
Como estratégia para reduzir a dependência do Brasil das importações de fertilizantes, o Governo Federal lançou o Plano Nacional de Fertilizantes, nesta sexta-feira (11), no Palácio do Planalto. A cerimônia contou com a participação do presidente da República, Jair Bolsonaro; da ministra da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Tereza Cristina; do ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque; do ministro da Economia, Paulo Guedes; e do Secretário Especial de Assuntos Estratégicos da Presidência da República, Flávio Rocha.
O Plano Nacional de Fertilizantes (PNF) é uma referência para o planejamento do setor de fertilizantes para os próximos 28 anos (até 2050), promovendo o desenvolvimento do agronegócio nacional e considerando a complexidade do setor, com foco nos principais elos da cadeia: indústria tradicional, produtores rurais, cadeias emergentes, novas tecnologias, uso de insumos minerais, inovação e sustentabilidade ambiental.
Em um contexto mundial de incertezas, a elaboração do plano foi iniciada em 2021 e formalizado por Decreto 10.991, assinado nesta sexta-feira. O documento também institui o Conselho Nacional de Fertilizantes e Nutrição de Plantas, órgão consultivo e deliberativo que coordena e acompanha a implementação do Plano Nacional de Fertilizantes.
Atualmente, o Brasil ocupa a 4ª posição mundial com cerca de 8% do consumo global de fertilizantes, sendo o potássio o principal nutriente utilizado pelos produtores nacionais (38%). Na sequência, aparecem o fósforo com 33% do consumo total de fertilizantes, e o nitrogênio, com 29%. Juntos, formam a sigla NPK, tão utilizada no meio rural. Dentre as culturas que mais demandam o uso de fertilizantes estão a soja, o milho e a cana-de-açúcar, somando mais de 73% do consumo nacional.
Segundo dados da Associação Nacional para Difusão de Adubos, mais de 85% dos fertilizantes utilizados no país são importados, evidenciando um elevado nível de dependência de importações em um mercado dominado por poucos fornecedores. Essa dependência crescente deixa a economia brasileira, fortemente apoiada no agronegócio, vulnerável às oscilações do mercado internacional de fertilizantes.
Maiores consumidores de fertilizantes em 2020
A implantação das ações do PNF poderá minimizar a dependência externa desses nutrientes, que chegam ao país principalmente da Rússia, da China, do Canadá, do Marrocos e da Bielorússia. Estados Unidos, Catar, Israel, Egito e Alemanha completam a lista dos dez maiores exportadores de fertilizantes para o Brasil em 2021, de acordo com dados do Ministério da Economia (Figura 2).
Importação de fertilizantes NPK por país de origem no ano de 2021 (COMEXTAT, 2021)
O PNF buscará readequar o equilíbrio entre a produção nacional e a importação ao atender sua crescente demanda por produtos e tecnologias de fertilizantes. Pretende-se diminuir a dependência de importações, em 2050, de 85% para 45%, mesmo que dobre a demanda por fertilizantes.
A ministra Tereza Cristina explicou que não se trata de o país alcançar a autossuficiência, mas sim de se ter autonomia, com um percentual reduzido de dependência externa para o fornecimento dos fertilizantes ao produtor. Segundo ela, é preciso reforçar a “diplomacia dos fertilizantes”, expandindo as relações de compra desses nutrientes em escala global.
“Não estamos buscando a autossuficiência, mas sim, a capacidade de superar desafios e manter nossa maior riqueza, o agronegócio, pujante e competitivo, que faz a segurança alimentar do brasil e do mundo. Nossa demanda por nutrientes para as plantas é proporcional à grandeza de nossa agricultura. Mas teremos nossa dependência externa bastante reduzida”, disse, reforçando que o Plano não é apenas para reagir a uma crise, mas para tratar de um problema estrutural, de longo prazo. No próximo dia 12, a ministra viaja ao Canadá para tratar do tema, após ter visitado o Irã recentemente, e a Rússia, no ano passado.
O secretário Especial de Assuntos Estratégicos, Flávio Rocha, informou que o plano prevê 80 metas a serem atingidas, entre elas estimular o uso de técnicas inovadoras. “Temos prioridade de ampliar o foco dos fertilizantes tradicionais para as cadeias emergentes. Em vez de continuarmos insistindo somente na utilização dos fertilizantes chamados NPK, incentivaremos, por meio do plano, os bioinsumos e outras tecnologias de nutrição de planta”, disse, ao acrescentar que desde a década de 1980 o Brasil não tem uma política pensada para a produção nacional de fertilizantes.
Objetivos do PNF
Além da redução da dependência externa, o PNF ainda apresenta oportunidades em relação a produtos emergentes como os fertilizantes organominerais e orgânicos (adubos orgânicos enriquecidos com minerais, por exemplo) e os subprodutos com potencial de uso agrícola, os bioinsumos e biomoléculas, os remineralizadores (exemplo, pó de rocha), nanomateriais, entre outros.
Plano Nacional de Fertilizantes 2022-2050
O desenvolvimento de tecnologias apropriadas ao ambiente tropical de produção brasileiro e a formação de redes de apoio tecnológico ao produtor rural e aos técnicos também compõem o Plano e integram a Caravana Embrapa FertBrasil.
A ação, realizada pela Embrapa, prevê visitas técnicas aos principais polos agrícolas. Ao abordar questões práticas de como aumentarrelacionadas ao aumento da eficiência dos fertilizantes, a Caravana terá impacto imediato capaz de promover uma economia de até 20% no uso dos fertilizantes no Brasil já na safra 2022/23, o que pode resultar em até um US$ 1 bilhão de economia para o produtor rural brasileiro.
As diretrizes do PNF também abordam uma política fiscal favorável ao setor, incremento de linhas de fomento ao produtor, incentivos a ações privadas, expansão da capacidade instalada de produção, melhorias na infraestrutura e logística nacionais. Tudo isso para ampliar a produção competitiva de fertilizantes (abrangendo adubos, corretivos e condicionadores) no Brasil.
O ministro da Economia, Paulo Guedes, destacou que o plano possibilitará ampliação da cadeia produtiva. “O Brasil é uma potência mineral, agroambiental e vai fazer, na verdade, do ponto de vista econômico, um aprofundamento da cadeia produtiva”.
Já o ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, ressaltou que a consolidação do PNF reflete a postura do governo, que segue integrando competências e gerando instrumentos fundamentais para o desenvolvimento do País. “O Plano Nacional de Fertilizantes é fruto da excelência alcançada nesse empenho conjunto contendo diretrizes e ações que contribuirão para continuarmos transformando, de forma sustentável, os recursos naturais em prosperidade e bem-estar social para os brasileiros”, enfatiza o ministro.
Importância dos fertilizantes
Responsáveis por fornecer um ou mais nutrientes para as plantas, os fertilizantes são insumos essenciais na produção brasileira e associam-se à implementação de novas fontes e tecnologias em nutrição de plantas para permitir melhores padrões de produtividade por hectare cultivado. Considerado celeiro do mundo, o Brasil é o quarto maior produtor mundial de grãos (arroz, cevada, soja, milho e trigo), sendo responsável por 7,8% da produção total mundial.
Por isso, o PNF considera que, para o Brasil atingir as expectativas nacionais e mundiais de produção de alimentos, é preciso melhorar o ambiente de negócios, investir em ciência e tecnologia para o ambiente tropical e garantir investimentos na produção nacional, de forma a reduzir a dependência de insumos importados.
De acordo com previsões do Department of Economic and Social Affairs Population da Organização das Nações Unidas (United Nations, 2019), a população mundial deve alcançar cerca de 9,6 bilhões de indivíduos em 2050, tornando imprescindível a utilização de terras cultiváveis com a maior produtividade possível e de forma agroecológica.
A cadeia de fertilizantes é de alta complexidade, interagindo com o setor de produção de alimentos, de energia, com as indústrias química, de mineração, de óleo e gás, além do comércio exterior.
Interações e Complexidade da Indústria de Fertilizantes
As exportações de fertilizantes da China podem ser interrompidas a pedido da comissão reguladora do país, ou NDRC (National Development and Reform Comission) na sigla em inglês, com o objetivo de proteger o mercado interno. O mercado especula tais medidas desde junho, as quais poderiam impactar durante o fornecimento de fosfatados e nitrogenados.
Todavia, as mudanças ainda não foram oficializadas pelo governo chinês ou aplicadas as condições que pudessem ser impostas pela NDRC. “As últimas notícias confirmaram que o departamento solicitou a algumas empresas da região de Yangtze e Hubei a suspensão das exportações até 30 de junho de 2022”, explica o analista de fertilizantes da Agrinvest Commodities, Jeferson Souza.
E embora ainda não tenha sido completamente oficializada, Souza alerta para os impactos que podem ser sentidos nos próximos dias. “As medidas podem impactar mais severamente nos preços no decorrer das semanas. Mas é importante reforçarmos que ainda não foram confirmadas pelo departamento. No entanto, já se pode ver mais pressão nos preços do fertilizante para o mundo inteiro.
Em sua conta no Twitter, o diretor de fertilizantes da INTL FCStone, Josh Linville, informou que “o governo chinês efetivamente baniu as exportações de fosfato até junho de 2022”. E explica que a nação asiática responde por cerca de 30% de todo o comércio mundial do produto. “Isso é ruim para os preços globais do fosafato e pior ainda para aqueles que dependem desse fornecedor. Temos que monitorar ações similares na ureia”.
Linville ainda afirma que os preços da ureia no Golfo Pérsico saltaram US$ 15,00 por tonelada na manhã desta terça-feira (28) em relação ao fechamento de ontem.
As mudanças que podem vir do gigante asiático somente se somam aos problemas e preocupações que se acumulam no mercado de fertilizantes e, inclusive, intensificam as preocupações dos produtores rurais no mundo total não só para novas altas nos custos de produção, como também para disrupções no abastecimento de uma série de produtos para a safra 2022/23.
“Hoje estou indo em todas as nossas propriedades para orientar que se use o mínimo possível de glifosato. Não temos perspectivas 2022, 2023 de como fica o mercado. Os grandes fornecedores estão com problemas, como a China. Com a gestão de diminuição de emissão de gases de efeito estufa, sustentabilidade, isso tem causado um enorme transtorno na gestão de produção”, explica Inácio Modesto Filho, diretor de produção do Grupo Bom Futuro.
Com isso, “temos que fazer o dever de casa, usar o mínimo possível, fazer uma gestão muito bem feita porque diversos produtos para a nova safra podem não estar nas nossas mão disponíveis”, complementa. “A gestão tem que prever um ano do qual não temos segurança”.
“Em 2021, o mercado de fertilizantes tem sido marcado por incerteza. As notícias novas vindas da China trazem riscos consideráveis para os produtores. Em Paranaguá, os preços da ureia têm se mantido estáveis perto de US$ 750/tonelada. No entanto, para a safrinha 2022, as relações de troca continuam subindo fortemente”, complementa Jeferson Souza.
Gráfico: Agrinvest Commodities
Por: Carla Mendes | Instagram @jornalistadasoja
Fonte: Notícias Agrícolas
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