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Congresso Andav 2025 reúne mais de 17 mil pessoas em São Paulo
Por Naomi Oliveira – Mecânica Comunicação
Foto: FD Fotografia
A distribuição de insumos agropecuários mostrou sua força e sua fundamental contribuição para a competitividade e crescimento do agronegócio brasileiro, durante o Congresso Andav 2025, uma realização da Associação Nacional dos Distribuidores de Insumos Agrícolas e Veterinários (Andav), organizada pela Zest Eventos, que reuniu no Transamerica Expo Center, em São Paulo, entre os dias 5 e 7 de agosto, mais de 17,5 mil visitantes, uma alta de 20% ante 2024, e 257 marcas expositoras nacionais e internacionais, em 24 mil metros quadrados de área.
O evento foi marcado por uma programação intensa, rica em conteúdo, e muitas novidades e tendências que geraram oportunidades. “Agradeço nossos associados pela confiança contínua no trabalho da Andav, aos congressistas, palestrantes, expositores e patrocinadores, que contribuíram com ideias, abrindo espaço para o diálogo e a construção conjunta de um agro cada vez mais forte, inovador e sustentável. Saímos do evento mais preparados, conectados e confiantes sobre o papel estratégico da distribuição na cadeia do agro brasileiro”, celebrou José Hara, presidente do Conselho Diretor da Andav.
Vivian Lima, CEO da Zest Eventos, comemorou o sucesso do principal encontro da distribuição de insumos agropecuários do país e anunciou que a 15ª edição, marcada para os dias 11 , 12 e 13 de agosto de 2026, já começa com novidades: uma nova planta com 10% a mais de área disponível, visando atender à crescente demanda por espaço. “Agradecemos a confiança em nossa plataforma de negócios, que possibilita conhecer lançamentos e tecnologias dos expositores e tendências de mercado”, pontuou. Para a próxima edição, 70% dos estandes já foram renovados.
Para Mário Lavacca, diretor de excelência comercial da BASF, o Congresso Andav é muito importante para encontrar os parceiros da distribuição, criando momentos para estreitar o relacionamento com diversos serviços e consultores que são nossos parceiros da distribuição. “É importante reconhecer e parabenizar a liderança da Andav não só pela feira, mas pelo trabalho que faz em parceria com a indústria”, afirmou.
Marcelo Neves, diretor de negócios da Bayer comentou que a equipe de liderança da Bayer em vendas e marketing marca presença no Congresso Andav 2025, devido ao peso do evento e a possibilidade de reforçar as parcerias, encontrar clientes e amigos, conversar sobre o ano e o agro, assim como sobre os momentos desafiadores.
“O Congresso Andav está sendo uma experiência incrível para a GIROAgro e a VIVAbio, pois estamos conseguindo fidelizar grandes parcerias e firmar novas, bem como prospectar possíveis negociações tanto em fertilizantes líquidos como em bioinsumos. Além disso, consideramos o evento um importante ponto de encontro para networking, atualização dos profissionais do agronegócio e lançamento de inovações no mercado”, enfatizou Leonardo Sodré, CEO do Grupo GIROAgro.
Na avaliação de Guilherme Galvão, diretor de Marketing da Ourofino Agrociência, o Congresso Andav é o espaço para acelerar a percepção dos distribuidores sobre o posicionamento da empresa, chegando, por intermédio desses parceiros, até o produtor rural. “Nesta edição, em que também estamos comemorando 15 anos de existência, aproveitamos para também homenagear a Andav pelos 35 anos de atuação em prol dos distribuidores. A proximidade é fundamental para continuar crescendo, investindo e inovando. Por isso, já reservamos espaço para a edição 2026”, afirmou.
Carlos Hentscheke, presidente da Syngenta Seeds Brasil, comentou que a edição de 2025 se destacou pela qualidade e pelo tamanho. “Essa opinião é comum também a 30 distribuidores que reunimos. Todos foram unânimes em dizer que é muito positiva a reunião, em um só lugar, de empresas e novidades, mostrando o quanto é investido em pesquisa, desenvolvimento e inovação e sinalizando as novidades para os próximos anos.
O Congresso Andav possui um bom ambiente de negócios para a equipe da Ceres Agrobank, relata Daniela Alves Santana, assessora de Investimentos e diretora de Marketing Interina da empresa. “Em números, nos dois primeiros dias conseguimos fazer muitos negócios. Pelo movimento bastante intenso, estamos com perspectivas promissoras para o pós-evento”, acrescentou.
Segundo Marlon Lázaro, diretor comercial e sócio da Ecoagro, são surpreendentes a qualidade e o número de trocas oportunizadas pelo evento. “Desde o primeiro dia, acontece muita troca de ideias e fechamento de negócios. Um evento como esse favorece o encadeamento das empresas de insumos na formalização do agro”, reforçou.
O Congresso Andav foi bem movimentado desde o primeiro dia, de acordo com Eduardo Bitu, diretor de novos negócios da Aliare. “Normalmente o público é composto de representantes da média e da alta gestão da indústria e de distribuidores. Ao longo dessas 14 edições vimos notando um interesse crescente de investidores em busca de networking e, mais recentemente, de estandes de países orientais, o que é bom, pois são movimentos de mercado que exigem que os negócios se adequem a novas dinâmicas.”
Plenária do Congresso Andav
Com o tema central “Agroeconomia Brasileira: A Força que Transforma”, a Plenária do Congresso Andav 2025 contou com a participação de 1365 congressistas e 33 painelistas e palestrantes, entre autoridades, especialistas e líderes setoriais, reforçando o papel estratégico do Brasil no agronegócio global e o poder transformador do setor.
Os temas das palestras e painéis versaram sobre COP 30 no Brasil, o acesso ao mercado com foco no distribuidor, inovação e tecnologia, crédito na distribuição, panorama do mercado, inteligência artificial na era pós-digital, comunicação e empreendedorismo no agro, gestão de pessoas, inclusão e equidade, digitalização do campo, gestão e o papel do Brasil como protagonista da segurança alimentar mundial.
Um destaque foi a divulgação parcial dos dados 10ª Pesquisa Nacional da Distribuição, uma iniciativa da Andav e organização da Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea). O mercado de distribuição de insumos agropecuários alcançou um faturamento de R$ 167 bilhões em 2024, com a área de insumos respondendo por R$ 104 bilhões, a comercialização de grãos, por R$ 36 bilhões, e máquinas, serviços e outros, por R$ 27 bilhões.
SOBRE OS ORGANIZADORES
Andav
A Andav – Associação Nacional dos Distribuidores de Insumo Agrícolas e Veterinários há 35 anos representa o Distribuidor de Insumos Agropecuários e atualmente reúne mais de 3.800 unidades comerciais de todas as regiões do Brasil, responsáveis por levar as boas práticas ao campo e acima de tudo zelar pelo bom funcionamento da cadeia produtiva, ao estender conhecimento, produtos, serviços e tecnologia.
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Café e cacau podem ficar isentos de tarifas em acordos comerciais, diz secretário de comércio dos EUA
Por Marcelo Teixeira
NOVA IORQUE (Reuters) – Recursos naturais que não são cultivados nos Estados Unidos, incluindo café e cacau, podem ser isentos de tarifas de importação quando acordos comerciais com países produtores forem firmados, disse o secretário de Comércio dos EUA, Howard Lutnick, nesta terça-feira.
Lutnick afirmou em uma entrevista para o programa de entrevistas “Squawk Box”, da CNBC, que o presidente Donald Trump concordou em estabelecer tarifas zero para os recursos naturais que não são cultivados nos EUA nos acordos comerciais que ele fechou, incluindo aqueles com a Indonésia e a União Europeia.
“Se você cultiva algo e nós não cultivamos, isso pode custar zero, então, se fizermos um acordo com um país que cultiva manga ou abacaxi, eles podem entrar sem tarifa, porque café e cacau serão outros exemplos de recursos naturais”, disse Lutnick.
“Então a Europa trouxe a cortiça, por exemplo. Ela pode entrar nos EUA sem tarifa”, disse.
Uma parte do texto do “Acordo de Comércio Recíproco entre os Estados Unidos e a Indonésia”, publicado na semana passada pela Casa Branca, cita recursos naturais.
Ele diz que os EUA “também podem identificar certas commodities que não estão naturalmente disponíveis ou produzidas internamente nos Estados Unidos para uma redução adicional na taxa tarifária recíproca”.
A Indonésia concordou com uma tarifa de 19% para vender seus produtos nos EUA, mas pode eventualmente ter tarifa zero para seu café, cacau ou outros produtos tropicais.
Lutnick, no entanto, não comentou sobre a situação dos produtos tropicais vindos de países que ainda não têm acordo com os EUA, como o Brasil.
Trump ameaçou impor uma tarifa de 50% sobre produtos brasileiros a partir de 1º de agosto, em uma atitude que também envolve política, já que o presidente dos EUA reclamou do tratamento que a Justiça brasileira está dando ao ex-presidente Jair Bolsonaro, seu aliado.
O Brasil fornece um terço do café usado nos EUA, o maior consumidor mundial da bebida, e esse comércio pode ser fortemente impactado se tarifas forem de fato impostas.
(Reportagem de Marcelo Teixeira)
Fonte: Reuters / Notícias Agrícolas
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Dólar cai ante real sob influência do exterior após acordo EUA-Japão
Por Fabricio de Castro
SÃO PAULO (Reuters) -O acordo comercial dos Estados Unidos com o Japão e a perspectiva de entendimento com a União Europeia abriram espaço para a queda do dólar ante outras divisas nesta quarta-feira, incluindo o real, ainda que o Brasil siga com dificuldades para encontrar caminhos para negociar com os norte-americanos.
O dólar à vista fechou com baixa de 0,78%, aos R$5,5239, no menor valor de fechamento desde os R$5,5036 de 9 de julho — dia em que o presidente dos EUA, Donald Trump, anunciou a tarifa de 50% para os produtos brasileiros, elevando a pressão no mercado de câmbio. No ano, a divisa acumula baixa de 10,60%.
Às 17h05 na B3 o dólar para agosto — atualmente o mais líquido no Brasil – cedia 0,71%, aos R$5,5320.
Na noite de terça-feira o presidente dos EUA, Donald Trump, fechou um acordo comercial com o Japão que reduz as tarifas sobre as importações de automóveis e poupa Tóquio de novos impostos sobre outros produtos, em troca de um pacote de US$550 bilhões em investimentos e empréstimos aos norte-americanos.
O acordo dos EUA com o Japão e a perspectiva de um entendimento comercial também com a União Europeia, que resultaria em uma tarifa de 15% sobre os produtos europeus, animaram os mercados ao redor do mundo. Os índices de ações subiram, o dólar recuou ante a maior parte das divisas e os rendimentos dos Treasuries avançaram, com investidores vendendo títulos e buscando ativos de maior risco, como moedas de países emergentes.
Neste cenário, após marcar a cotação máxima de R$5,5790 (+0,21%) às 9h18, ainda na primeira meia hora da sessão, o dólar à vista atingiu a mínima de R$5,5155 (-0,93%) às 15h52, quando a moeda norte-americana também cedia ante várias outras divisas no exterior.
“Tivemos um fluxo positivo para o Brasil, de venda (de dólares) por exportadores e investidores estrangeiros, com a bolsa subindo”, comentou durante a tarde o diretor da Correparti Corretora, Jefferson Rugik.
“Mas o que está pesando mesmo é a procura global por risco, com o acordo fechado pelos EUA com o Japão e a forte possibilidade de acordo com a União Europeia”, acrescentou.
O recuo do dólar ante o real ocorre a despeito das dificuldades do governo Lula para negociar com os EUA, após o presidente Donald Trump anunciar a tarifa de 50% sobre os produtos brasileiros a partir de 1º de agosto, usando como uma das justificativas o julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro por tentativa de golpe de Estado — uma questão jurídica, e não comercial.
No exterior, às 17h10, o índice do dólar — que mede o desempenho da moeda norte-americana frente a uma cesta de seis divisas — caía 0,26%, a 97,210.
À tarde, o Banco Central informou que o Brasil registrou fluxo cambial total negativo de US$1,003 bilhão em julho até o dia 18, com saídas líquidas de US$6,334 bilhões pela via financeira e entradas de US$5,331 bilhões pelo canal comercial.
(Edição de Alexandre Caverni)
Fonte: Reuters / Notícias Agrícolas
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Aprovar Agropecuária promove intercâmbio técnico no Meio-Oeste Americano em parceria com a BASF
O final do mês de junho de 2025 marcou um momento histórico para a Aprovar Agropecuária. Em uma iniciativa pioneira, a empresa promoveu uma experiência técnica internacional no Meio-Oeste dos Estados Unidos, reunindo colaboradores, clientes e fornecedores em uma imersão completa no que há de mais avançado na agricultura mundial.
O projeto foi realizado em parceria com a BASF e contou com o apoio da CAEP Brasil, proporcionando aos participantes uma semana intensa de aprendizado, conexões e novas vivências. A programação incluiu visitas técnicas a propriedades rurais americanas, trocas de experiências com produtores locais e um dia especial dedicado à Brandt Agriculture — referência global em soluções agrícolas.

















Além do conteúdo técnico, o intercâmbio reforçou o compromisso da Aprovar com a inovação, a capacitação contínua e o fortalecimento das relações com parceiros estratégicos. A iniciativa também homenageia um antigo sonho do fundador da empresa, Adelino, que sempre acreditou no poder transformador da educação no campo e na troca de experiências internacionais.
“Esta viagem é a materialização de um projeto que nasceu há muitos anos e que agora se concretiza com o envolvimento e dedicação de toda a equipe. É uma honra proporcionar esse tipo de vivência aos nossos parceiros”, destacou a diretoria da Aprovar.
Ao investir em experiências como essa, a Aprovar reafirma seu propósito de levar o melhor da agricultura mundial para o campo brasileiro, com seriedade, comprometimento e uma visão voltada para o futuro.
Fonte: Aprovar Agropecuária
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Agronegócio fornece 29% de toda a energia renovável do país, revela estudo do Observatório de Bioeconomia da FGV
Setores como alimentos e bebidas, papel e celulose, cerâmica e ferroligas já usam majoritariamente energia derivada da biomassa agropecuária. Em alguns casos, ela supera 70% da matriz energética industrial.
O agronegócio não é apenas um consumidor de energia, mas, sim, um dos principais fornecedores de energia renovável do país. O setor responde por cerca de 29% de toda a energia usada no Brasil – e, dentro do grupo das fontes renováveis, sua contribuição chega a impressionantes 60%, É o que revela o estudo inédito “Dinâmicas de Demanda e Oferta de Energia pelo Agronegócio” do Observatório de Conhecimento e Inovação em Bioeconomia da Fundação Getulio Vargas (FGV).
De acordo com o coordenador do núcleo de bioenergia do Observatório da FGV, Luciano Rodrigues, o agronegócio brasileiro sempre foi sinônimo de produtividade, exportações recordes e segurança alimentar. O estudo evidencia que uma nova dimensão se impõe desse setor: sua relevância estratégica na transição energética do Brasil.
“Esse protagonismo não se restringe à quantidade de energia limpa ofertada no País ou a presença dos biocombustíveis no setor de transporte – ele também se reflete nos destinos da bioenergia do agro, que se coloca como principal origem da matriz energética de vários setores industriais”, concluiu Rodrigues.
Sob a ótica da demanda, apesar de não figurar entre os países com maior intensidade energética, o consumo de energia pelo agro brasileiro requer alguma atenção, sobretudo pelo uso do diesel.
“O agronegócio no Brasil possui diversas características favoráveis para a utilização de energia limpa em toda sua cadeia produtiva: o clima tropical, a produção extensiva com menos irrigação, a elevada produtividade por hectare, mais de uma safra por ano, tecnologia e manejo adaptados às condições edafoclimáticas do país. No entanto, essa vantagem convive com uma vulnerabilidade: a dependência do diesel. Em 2022, 73% da energia usada diretamente na agropecuária brasileira veio de combustíveis fósseis, em especial o diesel. Isso torna o setor sensível a choques externos, como variações no preço do petróleo ou crises geopolíticas”, explica o pesquisador.
1 – Uso de energia por valor da produção agropecuária (GJ/USD1000)
O consumo de energia por valor da produção agropecuária é um indicador consolidado mundialmente para mensurar a eficiência energética e econômica do setor agropecuário, permitindo avaliar quanto de energia é requerido para gerar cada mil dólares (USD) de valor bruto da produção agropecuária.
Em 2022, o Brasil apresentou uma intensidade de uso de energia na agropecuária de 1,9 GJ por mil dólares de valor bruto da produção, patamar próximo à média mundial, estimada em 1,7 GJ/USD1000.

No caso brasileiro, os resultados evidenciam uma vantagem competitiva moderada em termos de eficiência energética econômica, reforçando que o país consegue gerar valor agrícola com consumo energético relativamente eficiente ante países desenvolvidos. Contudo, permanecem desafios associados à melhoria da eficiência dos sistemas produtivos, especialmente em segmentos agroindustriais de menor valor agregado por tonelada produzida.
2 – Brasil fornecedor global de alimentos
Outro indicador analisado foi o de consumo de energia por valor da produção de alimentos, que mede a intensidade energética associada exclusivamente às cadeias agropecuárias voltadas à produção de alimentos.
Essa métrica é particularmente relevante no contexto das discussões internacionais sobre segurança alimentar e sustentabilidade, pois permite aferir a eficiência energética relativa ao fornecimento de alimentos para a sociedade.
Em 2022, o Brasil apresentou um consumo de 2,0 GJ de energia por mil dólares de valor da produção de alimentos, valor ligeiramente superior à média global (1,7 GJ/USD1000), mas inferior a diversos países produtores relevantes, como: Argentina (8,2 GJ/USD1000); Canadá (4,3 GJ/USD1000); Espanha (2,4 GJ/USD1000); e França (2,2 GJ/USD1000).
Esse resultado reforça o posicionamento do Brasil como fornecedor global de alimentos com eficiência energética relativamente competitiva, especialmente frente a países com sistemas produtivos altamente intensivos em insumos energéticos, como os países europeus.
O papel da Bioenergia na transição energética
A pesquisa revela ainda que o agronegócio é responsável por mais da metade da energia renovável usada no Brasil. Isso inclui o etanol da cana, o biodiesel da soja, o biogás de resíduos agropecuários, a lenha de florestas plantadas, a lixívia e outros subprodutos.
Sem essa contribuição, a matriz brasileira de energia renovável cairia de 49% para cerca de 20% – muito mais próxima da média global, que hoje gira em torno de 15%. A presença do agro diferencia o país das demais potências agroindustriais no quesito sustentabilidade energética.
No início dos anos 1970, a contribuição agropecuária à oferta energética apresentava elevada participação da lenha e carvão vegetal, que respondiam por mais de 40% da bioenergia do setor. Essa configuração começou a se alterar a partir dos anos 1980, quando a produção de derivados da biomassa da cana-de-açúcar se intensificou, impulsionada pela implementação do Programa Nacional do Álcool (Proálcool).
Entre 1988 e 2003, a participação da bioenergia do agronegócio na matriz nacional permaneceu relativamente estagnada, oscilando em torno de 20%. Houve, entretanto, crescimento expressivo da oferta de lixívia, que passou de 1,2 milhão para 3,7 milhões de TEP. Por outro lado, o desempenho da cana-de-açúcar foi impactado negativamente pela crise do etanol no final dos anos 1980 e pela oscilação da produção no período de desregulamentação do setor.
A partir de 2003, essa tendência foi amplamente revertida. As duas décadas seguintes foram marcadas por forte expansão e diversificação da agroenergia. A oferta de energia proveniente da cana quase triplicou, impulsionada pela popularização dos veículos flex-fuel e pela expansão da bioeletricidade gerada com bagaço de cana-de-açúcar. A produção de lenha e carvão vegetal também duplicou no período, refletindo o fortalecimento da silvicultura energética como atividade comercial. A lixívia, por sua vez, teve crescimento próximo a 300%, acompanhando a expansão da indústria de papel e celulose.
Em síntese, a trajetória da bioenergia agropecuária foi um dos pilares da transição energética brasileira. Esse protagonismo também se reflete nos destinos da utilização dessa energia limpa. Setores como alimentos e bebidas, papel e celulose, cerâmica e ferroligas já usam majoritariamente energia derivada da biomassa agropecuária. Em alguns casos, ela supera 70% da matriz energética industrial.
Consumo de bioenergia do agro por setores
O estudo também analisou, no período de 1970 a 2023, quais setores econômicos utilizam a bioenergia do agronegócio.
Historicamente, o setor industrial se consolidou como o principal consumidor da bioenergia vinculada ao agronegócio. No início da série, esse setor absorvia mais de 70% da oferta total dessas fontes, tendência que se estabilizou em cerca de 50% nas últimas décadas. Essa dominância reflete a intensa utilização de biomassa sólida (como lenha e carvão vegetal) e de subprodutos industriais (como lixívia) nos processos industriais térmicos, particularmente nos subsetores de alimentos e bebidas, papel e celulose, cerâmica e ferroligas.
O setor de transportes desponta como o segundo maior consumidor da bioenergia do agro, com expansão significativa a partir da década de 1980, impulsionada pela introdução do etanol hidratado no contexto do Proálcool. Posteriormente, na década de 2000, observa-se uma nova inflexão ascendente com a institucionalização do Programa Nacional de Produção e Uso do Biodiesel (PNPB) e o crescimento da frota flex-fuel. Esses movimentos estruturais consolidaram o etanol e o biodiesel como pilares da matriz energética do setor de transportes brasileiro.
Já o setor energético, responsável por autoprodução e cogeração de energia elétrica e térmica, apresentou um aumento importante na participação relativa da bioenergia do agro entre os anos 1980 e início dos anos 2000. Essa trajetória reflete a ampliação da geração elétrica a partir da queima de bagaço de cana nas usinas sucroenergéticas e da lixívia nas plantas de celulose.
A conclusão é que a bioenergia vinculada ao agronegócio não apenas contribui significativamente para a diversificação da matriz energética brasileira, mas está estrategicamente posicionada nos setores com maior consumo e impacto econômico. A centralidade da indústria, pautada especialmente pela presença das agroindústrias, e dos transportes como destinos principais dessas fontes evidencia que políticas públicas voltadas à expansão e à eficiência dessas rotas bioenergéticas podem ter impactos multiplicadores relevantes.
Metodologia
A análise no estudo teve como base empírica os dados disponibilizados pelo Balanço Energético Nacional (BEN), principal instrumento oficial de monitoramento da evolução da matriz energética brasileira. Além disso, foram utilizadas base de dados da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Empresa de Pesquisa Energética (EPE) e as modelagens globais como o GTAP-Power (expansão da base de dados GTAP – Global Trade Analysis Project – com foco na eletricidade).
Fonte: FGV
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Movimentação portuária de grãos soma 47 milhões de toneladas no primeiro trimestre, com destaque para soja e novos mercados
Levantamento da Associação de Terminais Portuários Privados (ATP) mostra China como maior importador e expressivo aumento de vendas ao Irã e Egito
Os terminais portuários brasileiros movimentaram 47 milhões de toneladas de grãos entre janeiro e março de 2025. Apesar do volume expressivo, o setor registrou uma leve retração de 1,4% na comparação com o mesmo período do ano passado. A principal causa foi a redução da navegação interior, impactada diretamente pela seca que atinge os principais rios responsáveis pelo escoamento da produção.
Essa queda da movimentação para a navegação fluvial foi especialmente sentida na Região Norte do país, onde se concentra grande parte da movimentação de grãos por vias interiores. Os terminais da região apresentaram uma redução de 13,7% no volume transportado.
As informações são da Associação de Terminais Portuários Privados (ATP), que reúne empresas de grande porte e congrega 70 terminais privados do país. Juntas, as companhias movimentam 60% da carga portuária brasileira, essencial para o comércio exterior e a economia brasileira.
Segundo a ATP, em contrapartida, a navegação de longo curso apresentou crescimento de 3,4%, impulsionada pelo desempenho das exportações. A China segue como principal destino dos grãos brasileiros, com mais de 17 milhões de toneladas importadas do Brasil no primeiro trimestre. O período também foi marcado por um expressivo aumento nas exportações para o Irã e o Egito, com altas de 63,5% e 62,3%, respectivamente, consolidando a diversificação dos mercados compradores.
A soja se destacou como principal commodity transportada, com um aumento de 4,5% na movimentação em relação ao primeiro trimestre de 2024, reforçando sua liderança entre os grãos exportados pelo Brasil, destaca a ATP.
De acordo com o IBGE, na passagem do quarto trimestre de 2024 para o primeiro de 2025, o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro cresceu 1,4%. O resultado foi puxado pela expressiva alta na agropecuária, de 12,2%, nos três primeiros meses deste ano.
Portos privados na BA e RO são destaques
Entre os terminais de uso privado (TUPs), os destaques pelo aumento significativo na movimentação de grãos foram o Terminal Portuário Cotegipe, na Bahia, que teve alta de 50,5%, e o Terminal Portochuelo, em Rondônia, que avançou 15,8%.
“O cenário mostra que, apesar dos desafios enfrentados com a navegação interior, o setor portuário segue resiliente e com capacidade de adaptação, mantendo o Brasil como um dos maiores exportadores de grãos do mundo”, afirma a diretora-executiva da ATP, Gabriela Costa.
Fonte: ATP
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Liderança exportadora do agro brasileiro desperta interesse global
Em entrevista, o Prof. Dr. Marcos Fava Neves detalha a importância do IFAMA para o agronegócio global
1 – Professor, o senhor terá participação no World Conference da International Food and Agribusiness Management Association (IFAMA) neste ano. O que representa esse evento para o agronegócio global e qual será o foco da sua contribuição?
Tenho o privilégio de participar desta associação desde 1994 e por meio dela, conheci muitos países levando nossas pesquisas e casos de empresas para serem apresentados. A IFAMA é a mais importante organização do agronegócio mundial, fundada em 1990, simplesmente por Ray Goldberg, de Harvard, que é o pai do conceito de agronegócio. Já foram cerca de 35 eventos anuais em todo o planeta. Sua função é a de ser um centro de discussão sobre o futuro do agro, reunindo executivos, especialistas, tomadores de decisão, empresas e acadêmicos para debater as tendências e pensar em soluções inovadoras e criadoras de valor. Neste ano, contribuirei como presidente da conferência na posição de Chanceler da Harven Agribusiness School, instituição de Ribeirão Preto que fez a proposta no último evento, realizado em Almeria (Espanha) em 2024, para trazer uma edição ao nosso país. Temos, junto com o Roberto Fava Scare, meu parceiro nesta empreitada e o nosso time, o importante apoio da FB Group, especialista em planejamento e gerenciamento de eventos, que também aceitou o desafio de nos apoiar nessa jornada.
2 – O que o senhor destaca como as principais tendências discutidas na IFAMA que devem moldar o futuro do agronegócio nos próximos anos?
Hoje, a produção de alimentos, bioenergia e outros agro-produtos enfrenta uma situação muito complexa, que costumo chamar de ambiente dos 3 V’s: “variáveis variando violentamente”. Temos toda a questão de tarifas, clima, guerras, pragas, doenças, movimentos dos consumidores, situação da economia, impactos das novas tecnologias, regulações, segurança, logística; enfim, muita coisa. Temos avenidas de discussões na questão da sustentabilidade, o avanço da biotecnologia e da transformação digital; a inteligência artificial, a ascensão de modelos cooperativos e associativos de negócios e a urgência de preparar novas lideranças para lidar com um mundo interconectado e complexo; as novas mídias e a força… o empoderamento do consumidor. Eu sempre coloco uma frase nas apresentações e oriento os profissionais do setor: “quem manda é a demanda”.
O tema central da conferência neste ano é “Impulsionando alimentos e bioenergia com inovação e sustentabilidade”, para estimular discussões do desenvolvimento sustentável da produção, visando o crescimento e fortalecimento do setor, a fim de atender a demanda futura por alimentos, bioenergia e outros agro-produtos.
3 – Muitos apontam que a IFAMA é uma vitrine para novos modelos de negócios e inovações no setor agro. O senhor poderia citar exemplos de iniciativas ou tecnologias que chamaram sua atenção nesta edição?
As inovações que as empresas e universidades estão trabalhando no mundo todo são trazidas para serem apresentadas no IFAMA. Veremos iniciativas promissoras, como o uso de biotecnologia para tornar as lavouras mais resilientes às mudanças climáticas, com menos dependência de defensivos, tecnologias de geração de bioenergia com captura de carbono e plataformas digitais que promovem maior transparência entre produtores e consumidores. Também merece destaque o redesenho de produtos alimentares para torná-los mais saudáveis e sustentáveis, reduzindo perdas. Vale destacar também que muitos casos de empresas inovadoras em cada país são, ao longo do ano, preparados e são apresentados e debatidos na conferência, para, depois, serem publicados em revistas científicas. Nosso grupo de trabalho aqui no Brasil levou cinco casos para a conferência de 2024 (Nutribras Alimentos, Biosul Bioenergia, Ouro Fino Agrociência, Associação Socicana e Sementes Oilema). E para orgulho nosso, o caso da Ouro Fino Agrociência, justamente uma empresa de Ribeirão Preto, venceu como o melhor de 2024, competindo com outros 50, do mundo todo.
E nos casos deste ano, apresentaremos a Cooperativa Coplana, Cachaça SôZé, Sebrae Polo Agro, Veroo Cafés, Cooperativa Agrária, Fertbem Fertilizantes e o da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) que, para nossa alegria, está entre os três finalistas selecionados pelo comitê científico internacional como melhor caso do evento. Aprende-se muito com o uso de estudos de casos.
4 – Como o Brasil tem se posicionado dentro dos debates globais que também são tema do evento? Somos apenas fornecedores ou já ocupamos espaço como líderes em inovação e governança no agro?
O Brasil tem mostrado protagonismo crescente. Na primeira vez que estive no evento, nosso país ainda era importador de alimentos. Para virar, 35 anos depois, a potência produtora e exportadora mundial, ganhando imenso respeito.
Não há como deixar de respeitar e não admirar um país que hoje detém 80% do comércio mundial de suco de laranja, 58% da soja, 52% no açúcar, 35% na carne de frango, 30% no café, 30% no milho, 30% no algodão, 25% na carne bovina, quase 20% na carne suína; além de liderar no fumo, no papel e celulose e ainda grandes trabalhos nas frutas, castanhas, etanol, entre outros produtos. Somos protagonistas em iniciativas inovadoras que visam a sustentabilidade, como a “Carne Carbono Neutro”, o programa “Renovabio”; e na governança tivemos grandes avanços.
Nesta semana, pelo décimo ano, recebi cerca de 30 norte-americanos que fazem pós-graduação na Purdue University, uma das melhores do mundo, para conhecerem o agro do Brasil. Visitamos empresas como a São Martinho, a Cutrale, a Cooxupé, a Campanelli, a Coopercitrus, a Coplana, entre outras que abrem suas portas para recebê-los, com o carinho brasileiro. Eles voltaram absolutamente emocionados e encantados, e se tornam multiplicadores do bom trabalho feito no Brasil. Já foram 300 executivos nestes 10 anos. Imaginem para quantas pessoas eles contaram da experiência, ajudando a difundir nossa imagem.
5 – Existe alguma crítica recorrente à forma como o Brasil participa ou é percebido nesses fóruns internacionais? O que ainda precisamos aprimorar para ocupar um papel mais estratégico no cenário agro global?
A crítica mais comum ao Brasil é na questão ambiental, principalmente devido à excrescência do desmatamento ilegal, que, como o próprio nome diz, é crime e feito muitas vezes em terras distantes e sem titulação. Este deve ser o principal foco de ataque do Governo do Brasil, pois o nosso país é manchado em seu belo trabalho de sustentabilidade ambiental por este problema. Essa situação oculta nossos indicadores ambientais, que são excelentes, tais como: 66% do território totalmente preservado; elevado índice de energias renováveis na matriz; presença de um dos códigos florestais mais bem estruturados no mundo; baixas emissões de CO2 per capita; tecnologias inovadoras na agricultura de baixo carbono; agricultura regenerativa; remoção de carbono e tecnologias limpas; e muitas outras inovações. Outra crítica é a dificuldade que temos de comunicar, de forma eficaz, os avanços que o país já realizou. Precisamos investir mais na capacitação de nossos representantes e na nossa capacidade de articulação em temas como biodiversidade, clima e inovação. Levar dados concretos e resultados comprovados ajuda a reforçar nossa imagem como liderança global.
6 – Na sua avaliação, o que as lideranças empresariais e políticas brasileiras ainda não compreenderam sobre o potencial transformador de debates e fóruns para a competitividade do agro nacional?
Muitos ainda não enxergam esses espaços como oportunidade de parar um pouco, prestar atenção e voltar ao Brasil com um repertório de inovações, boas práticas, exemplos de empresas e de políticas públicas.Além de ser um momento de formação de opiniões e desenvolvimento de novas relações pessoais e empresariais. Estar ausente é perder visibilidade e poder de influência. Neste ano, por exemplo, será elaborada uma carta do agro mundial durante a conferência, com sua mensagem à COP 30, que será em novembro em Belém (PA), mostrando ser o agro parte da solução para os problemas ambientais globais. Esta carta será entregue ao Embaixador André Correa do Lago, ao final da conferência, pelo Presidente da IFAMA, o irlandês Aidan Conolly, e autoridades brasileiras como o Ministro Roberto Rodrigues, o Presidente de Honra da Agrishow Maurilio Biagi Filho, entre outros; e tendo como signatários autoridades do agro de mais de 40 países.
7 – O senhor defende há tempos uma maior profissionalização e melhoria da mão de obra no agro. O que ainda falta para essa virada de chave acontecer em larga escala no Brasil?
Um dos grandes desafios que o país tem, por mais incrível que possa parecer, é o da mão-de-obra. Para continuarmos crescendo, visando atingir o posicionamento de fornecedor mundial sustentável de alimentos, biocombustíveis e outros agro produtos, teremos que investir pesado. Está faltando gente em todas as áreas, desde colheita até trabalho em frigoríficos, em usinas; enfim, a reclamação é geral.
O grande desafio é adotar uma mentalidade estratégica de longo prazo, enxergando a questão como uma ferramenta essencial de sustentabilidade e crescimento. Isso exige mudança nas normas das políticas assistencialistas, capacitação contínua, fortalecimento das escolas técnicas, envolvimento total do setor privado e mudança da mentalidade da educação básica, intermediária e superior no Brasil, em direção à inovação, empreendedorismo e mérito.
Costumo sempre dizer esta frase: “sem inovação, produção e venda, não tem geração de renda e não tem distribuição de merenda”. A educação no Brasil se direcionou muito para a terceira parte da frase. Precisa voltar para a primeira. O foco é inovar, produzir e vender.
8 – Como a formação de jovens líderes no agronegócio é tratada em fóruns internacionais? O senhor acredita que o Brasil está formando sucessores à altura dos desafios globais?
O IFAMA é uma chance incrível de vermos o que as universidades estão fazendo no mundo todo em termos de técnicas de ensino e aprendizagem, pois nos conectamos com seus professores, ex-alunos e ficamos sabendo dos avanços, das boas iniciativas com as entidades estudantis, startups, por exemplo. Além disso, podemos fazer visitas durante os eventos. A IFAMA tem, além de seu Conselho tradicional, que participa por 18 anos representando o Brasil, um Conselho de Jovens, que são talentos que as multinacionais ficam de olho para capturarem assim que se formam. Além disso, durante o evento, acontece uma competição de estudo de casos voltada especialmente aos jovens, com premiação relevante.
No Brasil, precisamos promover maior integração desses jovens com o ambiente internacional, por meio de projetos aplicados, domínio de idiomas, visão global e capacidade de lidar com contextos diversos e interdependentes. A formação de lideranças sistêmicas e inovadoras é um desafio urgente e, por isso, criamos a Harven Agribusiness School.
9 – Com a crescente presença de multinacionais e fundos internacionais no campo brasileiro, como o vê a soberania e o protagonismo nacional nesse cenário de globalização agroindustrial?
Eu não vejo problemas, aliás vejo como solução ter investidores internacionais no Brasil… para acelerar nosso desenvolvimento. O importante é que os produtos sejam feitos aqui, agreguem valor aqui, gerando investimento, empregos e arrecadação. É fundamental que o Brasil não apenas receba investimentos, mas lidere soluções e garanta que essas parcerias tragam benefícios sociais e tecnológicos concretos ao país. Diversas empresas aqui sediadas se apresentarão no IFAMA, e um dos exemplos é o Minerva, que tem a presença do fundo soberano árabe em seu capital; com a presença garantida do presidente do conselho, Norberto Giangrande Jr. Um dos estudos de caso que os participantes discutirão é da empresa Atvos, de bioenergia, que tem como principal acionista o fundo soberano de Abu Dhabi, mas suas unidades estão todas aqui, gerando empregos e desenvolvimento ao nosso país. No IFAMA, os participantes terão a chance de ouvir e debater com Bruno Serapião, o CEO da empresa. Da mesma forma, será debatido pelos participantes, o caso da SLC Agrícola, uma das maiores produtoras de alimentos do mundo, que tem ações na bolsa e o seu CEO, Aurélio Pavinato, irá apresentar e debater com os participantes. São estrelas do agro global.
10 – A presença brasileira em fóruns internacionais pode ser uma ferramenta diplomática e econômica para ampliar mercados? Que ações o governo e as empresas deveriam priorizar nesse sentido?
Esses espaços são fundamentais para promover a imagem do país como referência na produção sustentável de alimentos e bioenergia. É preciso um estímulo maior à elaboração de pesquisas de impacto e estudos de caso inspiradores do Brasil para serem apresentadas e publicadas internacionalmente. Para as universidades públicas e privadas, seria interessante colocar prêmios para os professores e alunos que conseguirem produzir estas pesquisas e casos, pois melhoram sua avaliação. Estes prêmios ajudarão professores a alunos a irem nos eventos apresentar os trabalhos, e, com isso, melhoram estas universidades nos rankings, desenvolvem sua rede internacional com outros professores e crescem cada vez mais as possibilidades de gerar mais pesquisas e casos. Universidades precisam orientar mais a remuneração dos seus quadros baseada no mérito, no impacto de suas pesquisas e seus trabalhos publicados para a geração de valor à sociedade.
Empresas podem replicar e apoiar este processo com seus funcionários, principalmente quem estiver nas áreas de pesquisa e desenvolvimento, pois se aprende muito com estas participações e empresas inovadoras sempre estão presentes nas instituições de inovação. Fazemos isto há 30 anos e em média neste período levamos 5 trabalhos a cada IFAMA.
11 – Diante da instabilidade política e econômica mundial, como o agronegócio global e o brasileiro, em especial, pode se tornar um agente estabilizador?
O agro é peça-chave para garantir segurança alimentar, geração de empregos e desenvolvimento das regiões. O Brasil, com sua base diversificada e matriz energética limpa, lidera um modelo de desenvolvimento pautado na produtividade, sustentabilidade e na inovação com inclusão social e responsabilidade ambiental. O mundo precisa do Brasil como agente de expansão da produção visando abastecer de alimentos não apenas cerca de 800 milhões de pessoas, que é o número de hoje, mas talvez até 2 bilhões.
E vejam que interessante, uma pessoa pode ficar sem comprar um computador, um carro, uma roupa, um móvel por alguns anos, mas comida e tem que comprar 3 vezes ao dia. Este processo tem levado o Brasil a conquistar grande respeito na comunidade internacional por ser a fábrica de comida do planeta. E não faz sentido para ninguém brigar com o cozinheiro. Por isto digo que neste mundo cheio de conflitos geopolíticos, o Brasil tem que “voar abaixo do radar”, sem entrar em conflitos, sem assumir lados, e continuar crescendo suas exportações com o posicionamento claro que se não fosse o Brasil a fome no planeta explodiria e com isto teríamos erosão maior ainda da paz. O Brasil combate a fome mundial.
12 – Olhando para o futuro, quais projeções o senhor faz para o agro, levando em conta a atual situação política global. A tendência de mais barreiras deve ser confirmada?
Em 2050, 80% dos estômagos estarão na Ásia e África. O fluxo de comida é das Américas (principalmente Brasil e o Mercosul e os EUA) para Ásia e África. As barreiras, especialmente as ligadas ao meio ambiente, aspectos sociais e à sanidade dos alimentos, devem se intensificar, impulsionadas por políticas climáticas mais rigorosas e pela pressão dos consumidores, principalmente nos países desenvolvidos, mas menor nos emergentes e dependentes de importações grandes de comida, que é onde o Brasil tem crescido mais. O Brasil precisa estar preparado, com estratégia de longo prazo, propostas e soluções concretas que agreguem valor ao planeta. É o local mais apto do planeta para expandir a produção, pois conseguimos agregar 20 milhões de novos hectares produtivos em 10 anos sem aumentar a área do agro, apenas usando mais áreas de pastos para produção de grãos e aumentando a nossa produção de segunda safra. Isto gerará grandes oportunidades de trabalho e desenvolvimento social ao país.
E do lado da bioenergia, são incríveis as possibilidades de crescimento. Já aumentamos a mistura de etanol na gasolina para 30%, feito de cana e de milho, possibilitando com isto aumentar a produção de carnes pela geração de “bagaço do milho”, chamado de DDG, excelente fonte de ração. Temos grandes oportunidades no biodiesel que deve logo chegar a 20% de mistura, e com isto impulsionar mais ainda a produção das carnes devido a presença de farelo de soja e outros produtos, e este aumento da produção gera esterco que vira biogás, eletricidade e biometano (máquinas movidas a biometano foram apresentadas na Agrishow) que diminuem as necessidades de diesel e ainda geram fertilizantes, dentro do que chamamos de agricultura circular. E ainda crescem os projetos para combustível de aviação, de navios, enfim, são muitas as oportunidades na bioenergia para produtores de pequeno, médio e grande porte no agro.
13 – E para a nova faculdade, a Harven Agribusiness School, quais serão os benefícios?
A criação da Harven Agribusiness School, por parceiros de peso como a Markestrat e o grupo SEB do empresário Chaim Zaher foi feita na direção de ter em Ribeirão Preto a melhor educação em agro. Queremos atrair alunos do mundo todo para estudarem aqui, pois quem quer ser bom no agro tem que aprender no melhor agro do mundo. E o evento será uma vitrine para mostrar que Ribeirão Preto por ter mais de 10 setores distintos do agro ao seu redor, excelente padrão de vida no comparativo do Brasil pode ser um destino.
E a Harven está sendo projetada mundialmente com o evento, pois ficaram sabendo de sua existência por estar em todos os materiais e quando aqui vierem a conhecerão. Parte importante dos professores internacionais será convidada a serem professores Harven e nossos professores ampliarão sua inserção internacional nestas universidades, bem como convênios para intercâmbio de alunos. Teremos geração de materiais, estudos de casos de empresas, vídeos das palestras todas que serão usados. Estes materiais também irão aos alunos interessados em agro da FEARP/USP onde sou professor há 30 anos, em tempo parcial. Vale ressaltar que no grupo que ajudou a organizar o evento, temos a presença da ESALQ/USP, EAESP/FGV, INSPER, ESPM, UNESP, PUC-RS e diversas outras, portanto as universidades brasileiras serão beneficiadas.
14 – E a importância para Ribeirão Preto em sediar este evento?
Tive o privilégio de ser contratado pela FEARP/USP no final de 1995 e vir para cá, adotando esta cidade, que inclusive me premiou com o título de Cidadão. Minha esposa também não é daqui, mas adorou a cidade e aqui nasceram nossas filhas e aqui pretendemos ficar. É a cidade mais associada ao agro no Brasil, inclusive o nome de “Capital Brasileira do Agronegócio” que está nas entradas da cidade, fui eu quem deu. Além de sediar a Agrishow, que neste ano teve quase 200 mil visitantes, a cidade é palco de grandes eventos e discussões do agro. Em parceria com meu primo Roberto Fava Scare em 2005 trouxemos para Ribeirão Preto o evento da Sociedade Brasileira de Economia, Sociologia e Administração Rural, que é o encontro mais tradicional do Brasil, onde vieram cerca de 1000 pessoas e foi sediado na FEARP/USP. Nesta data registramos Ribeirão Preto entre as cidades sede deste evento para sempre.
Mas faltava trazer o principal evento internacional e já estávamos tentando há uns 10 anos, mas o risco é alto, a logística para se chegar aqui envolve um passo a mais, lamentavelmente o aeroporto de Ribeirão Preto atrasou e não ficou pronto, não temos voos para Guarulhos, o que dificulta demais para estrangeiros e os custos para eles são muito elevados. Mas tomamos coragem e fomos em frente, e estamos trabalhando firme para que tudo dê certo e venham 700 a 900 pessoas de cerca de 40 países, que serão depois multiplicadores e comunicadores das boas coisas que estamos fazendo no agro e da cidade. Será uma alegria ver Ribeirão Preto para sempre imortalizada na tabela das cidades sede deste evento.
CONFIRA AS CIDADES SEDE DA CONFERÊNCIA GLOBAL DA IFAMA:
1991 – Boston (EUA)
1992 – Oxford (Inglaterra)
1993 – São Francisco (EUA)
1994 – Caracas (Venezuela)
1995 – Paris (França)
1996 – Cancun (México)
1997 – Jacarta (Indonésia)
1998 – Punta del Este (Uruguai)
1999 – Florença (Itália)
2000 – Chicago (EUA)
2001 – Sydney (Australia)
2002 – Noordwijk (Holanda)
2003 – Cancun (México)
2004 – Montreau (Suiça)
2005 – Chicago (EUA)
2006 – Buenos Aires (Argentina)
2007 – Parma (Italia)
2008 – Monterey (EUA)
2009 – Budapest (Hungria)
2010 – Boston (EUA)
2011 – Frankfurt (Alemanha)
2012 – Shanghai (China)
2013 – Atlanta (EUA)
2014 – Cidade do Cabo (Africa do Sul)
2015 – Minneapolis/Saint Paul (EUA)
2016 – Aarhus (Dinamarca)
2017 – Miami (EUA)
2018 – Buenos Aires (Argentina)
2019 – Hangzhou (China)
2020 – Virtual
2021 – Virtual
2022 – San Jose (Costa Rica)
2023 – Christchurch (Nova Zelândia)
2024 – Almeria (Espanha)
2025 – Ribeirão Preto (Brasil)
2026 – Cork (Irlanda)
Fonte: IFAMA
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Anec eleva em 1,75% previsão de exportação de soja do Brasil em maio
SÃO PAULO (Reuters) – A exportação de soja do Brasil em maio foi estimada nesta terça-feira em 14,52 milhões de toneladas, alta de 1,75% em relação à projeção da semana passada, de acordo com dados da Associação Nacional dos Exportadores de Cereais (Anec).
A Anec praticamente não alterou a previsão de exportação de farelo de soja, apontando agora 2,36 milhões de toneladas para maio.
A previsão para a soja está cerca de 2 milhões de toneladas acima da estimativa preliminar divulgada no início do mês.
Desde então, novos navios foram agregados à programação de embarques no mês de maio, que geralmente tem uma das exportações mais elevadas no ano, já com a colheita concluída.
Se confirmada a projeção atual, a exportação de soja do Brasil aumentaria 1 milhão de toneladas em relação a maio do ano passado, mas ficaria abaixo do recorde registrado em março deste ano, de 15,7 milhões de toneladas, conforme números da Anec.
Já a exportação de farelo teria o maior volume do ano, superando em quase 400 mil toneladas os embarques do mesmo mês do ano passado.
(Por Roberto Samora)
Fonte: Reuters
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Brasil lidera crescimento global em produção agrícola e impulsiona mercado de nutrição vegetal
Dados da VGRI Partners apontam aumento expressivo no uso de fertilizantes especiais e investimento por hectare no país
O Brasil caminha para manter sua posição de protagonista na produção global de alimentos nos próximos anos. De acordo com dados reunidos pela VGRI Partners, o País deverá ter ampliado em 41% sua produção agrícola de 2023 a 2026/2027, tornando-se o principal “motor de crescimento” da oferta de alimentos no mundo. Esse avanço é sustentado principalmente pelo ganho de produtividade e pela intensificação das colheitas, fatores que elevam a demanda por soluções mais tecnificadas, como os fertilizantes especiais.
Apesar de utilizar apenas 11% de seu território para a agricultura, o Brasil é líder global na produção de soja, café e açúcar. Entre 2016 e 2024, a área plantada no País (considerando apenas cereais, leguminosas e oleaginosas) saltou de 58,7 para 78 milhões de hectares, enquanto a produtividade média aumentou de 3,14 para 3,84 toneladas por hectare. Esse desempenho vem acompanhado de um aumento constante nos investimentos por hectare, refletindo a crescente tecnificação do campo.
Como um dos pilares desse aumento de produtividade, os investimentos em nutrição vegetal têm registrado crescimento acelerado. As vendas de fertilizantes especiais acompanharam a expansão da área plantada e, em 2024, devem atingir R$ 266,2 bilhões. O maior faturamento está concentrado nos estados de Minas Gerais, São Paulo, Mato Grosso, Goiás e Paraná, que juntos representam cerca de 68% do total nacional.
Segundo a VGRI Partners, o avanço do setor de nutrição vegetal se deve não apenas ao aumento da demanda por produtividade, mas também à evolução tecnológica na formulação de insumos e à maior adesão por parte dos produtores rurais. Com o crescimento populacional e a necessidade de garantir segurança alimentar, o Brasil segue como uma das principais fronteiras globais para o desenvolvimento agrícola sustentável.
Fonte: VGRI Partners
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Entrega de fertilizantes ao agro cresceu no primeiro bimestre
Dados compilados pela Associação Nacional para Difusão de Adubos (ANDA) indicam um cenário de crescimento na entrega e produção de fertilizantes, impulsionado por maior demanda no mercado interno. Em fevereiro, foram entregues 3,38 milhões de toneladas de fertilizantes, um aumento de 17,7% em relação ao mesmo período de 2024. No acumulado de janeiro a fevereiro, o volume chegou a 7,07 milhões de toneladas, representando um crescimento de 7,7% na comparação anual.
A produção nacional de fertilizantes intermediários também registrou alta. Em fevereiro de 2025, foram produzidas 510 mil toneladas, um aumento de 1,6% em relação ao mesmo mês de 2024. No acumulado do bimestre, a produção atingiu 1,15 milhão de toneladas, um avanço expressivo de 12% em relação ao mesmo período do ano anterior.
Importações e exportações
As importações de fertilizantes intermediários também cresceram. Em fevereiro de 2025, o Brasil importou três milhões de toneladas, um aumento de 19% em relação a fevereiro de 2024. No acumulado de janeiro a fevereiro, as importações somaram seis milhões de toneladas, um crescimento de 10,1% na comparação anual.
Por outro lado, as exportações de fertilizantes e formulações NPK mantiveram estabilidade. Em fevereiro, foram exportadas 50,21 mil toneladas, um aumento marginal de 0,2% em relação ao mesmo mês de 2024. No acumulado do ano, totalizaram 110,71 mil toneladas, um crescimento de apenas 0,3% em relação ao mesmo período do ano anterior.
Entregas nos estados
Nos estados, as entregas de fertilizantes acumuladas em janeiro e fevereiro de 2025, comparadas ao mesmo período de 2024, foram as seguintes:
No Mato Grosso, o volume passou de 1,72 milhão de toneladas para 1,91 milhão, com aumento de 11,1%. No Paraná, subiu de 832 mil toneladas para 1,02 milhão, representando um crescimento de 22,6%. Em Goiás, o total foi de 738 mil toneladas para 845 mil, com alta de 14,5%. Em Minas Gerais, o volume subiu de 697 mil toneladas para 724 mil de toneladas, um crescimento de 3,9%.
No Estado de São Paulo, o acumulado foi de 636 mil toneladas para 646 mil, com alta de 1,6%. Em Mato Grosso do Sul, o volume subiu de 323 mil toneladas para 429 mil, um aumento expressivo de 32,8%. Na Bahia, houve queda, passando de 308 mil toneladas para 268 mil, uma redução de 13%. Por fim, no Rio Grande do Sul, o total caiu de 257 mil toneladas para 248 mil, representando uma redução de 3,5%.
Fonte: ANDA / Notícias Agrícolas