
Estamos à beira de uma epidemia de ferrugem, mas os produtores não acreditam
José Renato Farias – Diretor Geral Embrapa Soja – Londrina/PR
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Estamos à beira de uma epidemia de ferrugem mas os produtores não acreditam
O Notícias Agrícolas conversou com o diretor geral da Embrapa Soja, José Renato Farias, a respeito dos problemas que a cultura de soja vem enfrentando no Brasil na questão da ferrugem asiática.
Essa doença, extremamente agressiva, cria um cenário preocupante, já que o fungo muda de maneira rápida, se adapta e passa a ser resistente. Uma epidemia, contudo, está à beira de ocorrer, já que muitas formulações têm perdido a resistência.
Farias avalia que a antecipação da semeadura, que inicia em setembro em algumas regiões e se estende até dezembro, pode ser um problema capaz de disseminar a doença, já que a extensão de tempo de plantio pode aumentar a multiplicação do fungo e a seleção dos organismos mais resistentes.
A Embrapa orienta que a janela não seja tão extensa também por conta da ponte verde, que fica prolongada com esse tipo de plantio.
No Sudeste do Paraná, entretanto, os produtores estão realizando dois plantios de soja, alegando que o panorama climático mais frio não está ajudando na produtividade. Farias defende, porém, que a sustentabilidade do negócio da soja deve ser respeitada.
A Embrapa Soja vem realizando esforços desde 2001/02 para identificar linhas mais avançadas de controle biológico, com uma parte genética trabalhando da mesma forma. “O produtor precisa ganhar dinheiro, mas o sistema produtivo dele tem que continuar viável”, aponta o diretor “Tem que acreditar na ciência e no que está sendo comprovado”.
Atualização feita nesta terça-feira (20) com 169 pontos de coleta e 24 pontos com presença de esporos (Palotina, Nova Santa Rosa, Terra Roxa, Marechal Candido Rondon, Mercedes, Santa Helena, Guaira, Quatro Pontes, Toledo (3), São José das Palmeiras, Entre Rios do Oeste, Ouro Verde do Oeste, Renascença, Mariópolis, Pato Branco (2), Vitorino, Ibiporã, Primeiro de Maio e Alvorada do Sul (3)).
3 focos regionais bem definidos (oeste, sudoeste e norte).

Mofo Branco: Silencioso, mas feroz
Lidar com as doenças da soja já faz parte da programação dos produtores da oleaginosa. É uma preocupação permanente, sobretudo com inimigos mais comuns, que safra após safra tira o sono e o rendimento. Há alguns riscos, no entanto, que são mais traiçoeiros. Ficam invisíveis, às vezes durante anos, e quando aparecem provocam quebras severas na produção. Uma das doenças silenciosas que mais merece atenção é o mofo-branco. Causada pelo fungo Sclerotinia sclerotiorum, que se aloja no solo, e dependendo das condições climáticas pode passar despercebido por várias safras, podendo atacar também outras culturas importantes, como algodão e feijão, e tem potencial para causar perdas de até 70% nas lavouras.
O mofo-branco é uma patologia muito dependente do clima – e talvez por isso seu potencial de risco muitas vezes seja minimizado. Para que se manifeste, depende de condições ambientais específicas, em que os escleródios – estruturas de resistência do fungo – germinam. “A doença inicia seu desenvolvimento em temperaturas amenas [10°C a 24°C], alta umidade relativa e solo saturado, seja por chuva ou irrigação”, comenta Marcelo Rodacki, gerente de Desenvolvimento de Mercado da BASF. “Ela se instala no final da fase vegetativa e início da floração (R1), não permitindo que a soja se desenvolva”. O mofo-branco reduz o porte da planta, o número de vagens e de grãos na vagem, reduzindo a rentabilidade financeira do produtor.
O inimigo se espalha principalmente por meio maquinas e sementes contaminadas. Depois de alojado no solo, permanecerá ali para sempre. “Às vezes o produtor passa dois ou três anos sem ver o mofo-branco, sem o fungo atacar a soja. Mas quando aparece, dependendo do clima, pode vir com forte pressão e gerar grandes prejuízos”, informa Rodacki. Muitas vezes, ele pode ser invisível em um ciclo e devastador no seguinte. “De modo geral, a doença começa de maneira silenciosa, em reboleiras e áreas pequenas. Mas o processo de colheita, espalha o escleródio para uma área maior. Por isso, ela tem o potencial de aumentar muito de um ano para o outro”, enfatiza o especialista.
Segundo a campanha “Campo sem Escleródios” lançada pela BASF, em 2014 o mofo-branco já havia contaminado 6,8 milhões de hectares de lavouras de soja, 23% da área total da cultura naquele ano. Hoje, a incidência é estimada em 10 milhões de hectares, ou seja, 28,5% da área plantada. Como não é possível acabar com o fungo, a recomendação é que seja feito manejo preventivo, a começar com a escolha de sementes saudáveis, proveniente de produtores certificados. Elas devem ser tratadas, a fim de evitar possíveis transmissões do micélio dormente para plantas jovens. Em áreas onde a doença já foi detectada em safras anteriores, o ideal é fazer a rotação de cultura com espécies não hospedeiras, como gramíneas, e que preferencialmente tenham um alto teor de massa seca, para que ela trabalhe como uma barreira mecânica, inibindo a germinação do escleródio. Também é importante planejar a semeadura para não coincidir com períodos de alta umidade e temperaturas amenas, bem como prevenir o adensamento da cultura, utilizando espaçamentos maiores. Em lavouras sob pivô central, é recomendado evitar o excesso de irrigação durante a época que compreende a pré e pós florada.
O controle químico não pode faltar. Deve-se optar por produtos que tenham alta capacidade de contenção do mofo-branco e que consigam inibir a germinação do escleródio. A BASF disponibiliza ao sojicultor a solução Spot® SC, fungicida que combina dois mecanismos distintos de ação com os ingredientes ativos Boscalida e Dimoxistrobina. “Juntos, eles proporcionam a manutenção do potencial produtivo com a redução dos escleródios e o manejo da doença”, comenta Rodacki. “Mas aplicações tem de acontecer no início da floração, e intervalo de 10 dias para a segunda dose.”
Com base nos ensaios cooperativos de rede, realizado em 11 locais distribuídos nos estados do Paraná, Goiás, Bahia, Mato Grosso do Sul e Minas Gerais, na safra 2017/2018, o Spot® SC foi o fungicida que mais se destacou entre os nove avaliados. Na pesquisa, ele obteve o melhor nível de controle químico no tratamento com duas aplicações, chegando a 81%. Também foi o que apresentou maior redução na produção de escleródios, 74%, e a maior média de produtividade, com 4.558 kg/hectare.
Spot® SC
Benefícios
Controle eficiente de mofo-branco;
Redução de escleródios no solo;
Manutenção do potencial produtivo;
Mecanismo de ação diferenciado favorecendo o manejo anti-resistência do fungo.
Aplicação
Dose mL p.c./ha: 800 – 1000
Volume de calda (L/ha): 150 a 200
Máximo de aplicações: 2, em intervalos de 10 dias
Conheça as soluções BASF para o manejo eficiente na cultura da soja (https://agriculture.basf.com/br/pt/Protec%CC%A7a%CC%83o-de-Cultivos/Soja.html)
Foto: Agmar Assis