
Perspectivas dos preços dos alimentos em 2018
De uma forma geral, o setor agropecuário tem mantido um padrão evolutivo do lado da oferta (volume) em torno de 4% ao ano – um número médio que vale tanto para lavouras quanto para pecuária -, com oscilações que podem ser expressivas por razões climáticas e ocorrências de pragas e doenças. O produtor agropecuário chega à safra 2017/18 razoavelmente capitalizado. A safra 2015/16 foi marcada por forte quebra de produção que foi mais do que compensada pelo aumento de preços; na safra 2016/17 ocorreu mais ou menos o inverso: o grande aumento de volume compensou a grande queda de preço havida. Na média, não houve perda de renda nos dois períodos, permanecendo ela num patamar bem posicionado historicamente.
Com isso, as projeções hoje disponíveis para o volume agregado da agropecuária em 2018 baseiam-se numa volta à normalidade da produtividade depois de uma oscilação de volume nos dois anos anteriores. É claro que isso implica algumas quedas importantes em relação à safra imediatamente anterior, como algo perto de 5% para grãos, incluindo soja, milho e arroz, todos nessa faixa. Alguma queda, mais moderada, é também esperada para cana e café por razões climáticas principalmente. Para milho e feijão de primeira safra são projetadas reduções mais importantes, podendo ocorrer desajustes sazonais, enquanto as demais safras do mesmo ano não se disponibilizem. No caso do milho, acredita-se que a disponibilidade de estoques de passagem ajudará a superar os desajustes, que poderiam ter reflexos sobre os produtos de origem animal, como aves, ovos e suínos. Para o boi, preocupam os efeitos sobre a produção de algum desinvestimento de parte dos pecuaristas desestimulados diante da crise havida no corrente ano. Para o leite também a falta de investimento pode influenciar a produção.
Do lado da demanda, a economia, ou seja, a renda e o emprego no País, deverá prosseguir num crescimento algo mais rápido, o que aparecerá na forma de um consumo relativamente maior, dando sustentação para um possível crescimento mais expressivo, mas ainda moderado, também da agroindústria e seus produtos. Isso poderá criar espaço para uma recuperação de margens nos produtos para mercado interno.
No front externo, a atenção deve voltar-se para o ritmo das exportações e sua distribuição ao longo do ano, que acabam por afetar o comportamento sazonal dos preços mais relevantes no mercado interno. O crescimento econômico mundial e, logo, da demanda, segue moderado, mas firme; porém, a oferta tanto do Brasil como de seus concorrentes está sujeita a eventos climáticos extremos com maior frequência. Até agora, lá fora os preços em dólares para soja e derivados apontam para estabilidade e para o milho, uma leva alta, em boa parte de 2018. O que predomina é a expectativa de preços internacionais de produtos agrícolas (grãos, oleaginosas, açúcar e café) relativamente estáveis a menos que eventos climáticos não previsíveis ocorram. Resta, portanto, observar de perto o comportamento da taxa de câmbio, algo relativamente difícil de projetar para o ano eleitoral que se avizinha. Uma desvalorização mais forte poderá impactar o custo de vida pelo aumento de preços dos produtos exportados (e dos insumos agropecuários importados) e seus derivados.
Em síntese, o cenário para 2018 é o seguinte. Do lado da oferta de alimentos, a expectativa, por enquanto é uma volta à normalidade. Mesmo assim, pode-se esperar alguma alta moderada nos preços em relação aos baixos níveis de 2017 em razão de uma demanda interna pouco mais firme. O ritmo das exportações irá graduar a evolução dos preços, condicionada ao comportamento do câmbio.

Boas expectativas marcam o início da safra de grãos
A expectativa de uma boa safra de grãos está gerando reflexos positivos em setores da economia que dependem da agricultura. Influenciada por condições climáticas mais favoráveis para o desenvolvimento das lavouras neste ano, a previsão para a safra 2016/2017 é de mais de 210 milhões de toneladas de grãos produzidas, segundo os dados da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).
Essas expectativas positivas acendem o sinal verde para outros setores da economia que dependem diretamente da produção agropecuária. No caso das máquinas agrícolas por exemplo, segundo os dados da Associação dos Fabricantes (Anfavea), outubro já registrou um crescimento de 35% em relação a setembro deste ano, dados estes que compravam um retorno no otimismo dos empresários e produtores do setor rural.
Atual quarto maior estado produtor de grãos, Goiás segue na mesma expectativa nacional, com previsão de safra recorde neste ano. Segundo os dados da Federação da Agricultura e Pecuária de Goiás (Faeg), a produção goiana de grãos deve atingir nesta safra os 21,2 milhões de toneladas, com grande destaque para as culturas da soja e do milho, que juntas representam cerca de 93% do total produzido.
Esses produtos abastecem a vasta cadeia agroindustrial do estado, sendo insumos básicos na produção de carnes e lácteos e também para a indústria alimentícia. No caso da soja, mesmo sendo exportada apenas cerca de 35% da nossa produção total, a oleaginosa é o principal produto da balança comercial do estado, sendo responsável por cerca de 25% do total exportado em 2015.
A principal região produtora de grãos no estado é o Sudoeste Goiano, porém a produção goiana já se encontra bastante dispersa, com crescimento significativo nos últimos anos nas novas fronteiras agrícolas goianas, o Vale do Araguaia e o Extremo Norte do estado. Entre os municípios, Rio Verde, Jataí e Cristalina são os maiores produtores estaduais.
A safra gera boas expectativas também aos produtores rurais, que ano após ano vêm enfrentando problemas de perdas em função do clima. “Nas últimas três safras tivemos problemas relacionados com a falta de chuvas, seja na safra de soja no verão, ou no milho na safrinha. Uma safra cheia nesses dois períodos é mais do que bem-vinda e pode amenizar a situação financeira complicada que muitos produtores se encontram atualmente”, afirma o assessor técnico da Faeg, Cristiano Palavro. Porém o consultor alerta que a safra ainda esta começando, e as previsões podem se alterar durante o ciclo produtivo.
As condições da safra também trazem reflexos aos consumidores finais, pois os níveis de oferta destes produtos impactam diretamente nos preços. É o que assessor técnico da Faeg, Pedro Arantes. “Os efeitos nos preços sofrem interferência de outras variáveis, porém a oferta desses produtos é a principal delas. No caso de produtos básicos, que vão direto para a mesa das famílias, como o arroz e o feijão, por exemplo, esse efeito é direto. Já para as cadeias da soja e do milho, os efeitos mais significativos podem ser observados nos preços das carnes, suína e de frango, principalmente, nos derivados de leite”, ressalta ele.

Ferramenta ajuda produtor a decidir o melhor momento de plantio e aponta como o clima influencia o desenvolvimento das lavouras
Simulações com base no cruzamento de dados pode ajudar a potencializar produtividade das lavouras
A poucos dias do início do plantio da safra de verão no Brasil, muitas dúvidas ainda pairam sobre o produtor. As chuvas que estão sendo registradas nesse momento em várias regiões produtoras são suficientes para iniciar o plantio? O solo tem reserva hídrica em caso de interrupção das chuvas? Qual é o melhor momento de plantio para que a semente encontre condições para expressar seu máximo potencial produtivo? Respostas que podem ser encontradas com o apoio da tecnologia a partir do cruzamento de várias informações (solo, previsões climáticas, ciclo da semente, etc) .
A ferramenta disponibilizada pelo site www.cropview.com.br auxilia na tomada de decisão dos produtores e na definição do melhor momento do plantio e colheita. O Cropview, permite que o usuário faça o monitoramento em tempo real da lavoura, acompanhando dados climatológicos e de produtividade.
A sócia fundadora da Rural Tecnologia, Cristina Queiroz, explica que o programa utiliza “um modelo matemático que calcula as necessidades hídricas e de temperatura, a partir da fenologia de cada cultivar”.
Dessa forma, é possível determinar [por meio de coordenada geográfica] o balanço hídrico especifico de cada propriedade, avaliando como futuras chuvas irão se comportar no solo, e o melhor período para realizar a semeadura e até mesmo a colheita.
Além disso, Queiroz afirma que o programa permite fazer um comparativo de produção e clima em diversas regiões, através de uma base de dados históricos.
A ferramenta poderá orientar os agricultores nas tomadas de decisão no campo. O plantio da safra 2016/17, por exemplo, está autorizado a partir do dia 15 de setembro nas principais regiões produtoras, mas fazer a escolha de qual o momento de iniciar os trabalhos de campo ainda é uma dúvida dos produtores em todo o país.
O produto passou por 10 anos de testes a campo, sendo alimentado com dados meteorológicos e o resultado de produção, que permitem avaliar [com antecedência] o melhor momento para cultivar culturas como café, soja, milho, cana-de-açúcar entre outras culturas, nas principais localidades produtoras do Brasil.
O engenheiro agrônomo, Paulo Murray, destaca ainda que o modelo também possui alertas de colheita “que começam a aparecer de 15 a 20 dias antes, para que o produtor consiga se programar para a janela ideal de colheita.” Além disso, é possível receber notificações de geadas, e condições climáticas favoráveis ao desenvolvimento de doenças.
No entanto, Queiroz ressalta aos produtores que as previsões climáticas são constantemente atualizadas. “Por isso é importante acompanhar o histórico de produtividade da região ao longo dos anos”, acrescenta e fazer o monitoramento sistemático no site.
Em simulações feitas para os internautas do Notícias Agrícolas, duas realidades diferentes. Em Maringá-PR , produtores já encontram condições ideais para o plantio e com resultados promissores para quem plantar até início de outubro. Já para os produtores de Primavera do Leste-MT, as condições não são favoráveis e um plantio ideal só a partir de final de outubro.
São simulações específicas e apenas municipios muito próximos e com mesma altitude tendem a ter condições parecidas.
Para saber mais, acompanhe no vídeo a simulação realizada pela equipe do Cropview.

Demanda por alimentos é forte e crescente apesar da turbulência financeira, diz analista
Publicado em 15/07/2016 12:30 e atualizado em 15/07/2016 17:29
A atual turbulência observada quase que diariamente no mercado financeiro global segue gerando centenas de incertezas entre os investidores mundo a fora, que resultam em uma intensa volatilidade sobre os futuros das commodities, especialmente as agrícolas. Há, no entanto, um consenso entre analistas de mercado – também em todo o mundo – de que a demanda por alimentos está assegurada e deverá ser a última a ser atingida – caso seja – por um momento mais complicado da economia.
“A demanda é forte e vai continuar forte, pelo menos o consumo tradicional animal e humano”. A declaração é de Steve Cachia, diretor da Cerealpar e também consultor do Kordin Grain Terminal, de Malta, na Europa. Entretanto, o executivo chama a atenção para essa volatilidade, a qual pode ser implacável a quem não a estiver acompanhando.
O arquipélago de Malta fica no sul do continente europeu, situado no Mar Mediterrâneo e hoje é sede de cerca de 600 fundos de investimento, contra apenas quatro em 2008. E é nesse ambiente em que Cachia vê as commodities agrícolas tornarem-se um mercado cada vez mais sofisticado e influenciado pelas questões financeiras. “O que mais me chama a atenção são as ferramentas técnicas sofisticadas que eles (os fundos) têm, e é com isso que eles tomam decisões de compra ou venda”, explica.
E o presente momento é de investidores dividindo suas atenções entre dezenas de fatores que deverão alinhar suas estratégias não só no curto e médio prazos, mas também no longo. Entre eles, o Brexit – a saída do Reino Unido da União Europeia -, os preços do petróleo, a economia da China, os juros nos Estados Unidos, conflitos geopolíticos e tantos outros. Apesar disso, Cachia reforça que, “no final das contas, é sempre o quadro de oferta e demanda que, em um período, dá um preço médio para o mercado”.
Brexit
No último mês, um plebiscito realizado no Reino Unido decidiu que o país deveria deixar a União Europeia e a reação imediata do mercado financeiro foi de pânico generalizado. Os investidores buscaram ativos mais seguros, derrubaram moedas importantes – a libra foi à mínima em mais de 30 anos – commodities e bolsas de valores.
“Isso foram os fundos ajustando suas posições já que eles tinham que se proteger, reduzindo seu risco e/ou sair de posições lucrativas para cobrir perdas em outros mercados”, explica Cachia. “E as commodities agrícolas também sentiram esse efeito porque hoje os fundos são players importantes nesse mercado, eles trazem liquidez, para cima ou para baixo”, completa.
O que se viu foi, portanto, nada mais do que uma atuação maciça por parte desses fundos, os quais conseguem dar mais volatilidade ou direção para as cotações de forma mais rápida. Assim, é possível registrar movimentos das commodities agrícolas mais como somente ativos financeiros do que respondendo a seus fundamentos próprios, e isso pode acontecer no curto e no curtíssimo prazo, como explica o analista. “Entretanto, em um período de tempo, o fundamental prevalece, a relação de oferta e demanda”.
Assim, daqui em diante, para Cachia, o Brexit inspira atenção, principalmente, sobre dois aspectos: o comércio e a área financeira e as relações nas duas frentes entre o Reino Unido e a União Europeia e o Reino Unido e demais países de fora do bloco. “Será preciso acompanhar a desvalorização do setor imobiliário, redução de investimentos na Inglaterra, importações/exportações. Muitas empresas da área financeira de Londres, por exemplo, já estão buscando alternativas para continuar tendo acesso normal ao mercado da UE”, afirma o diretor da Cerealpar.
Além disso, o movimento dos ingleses traz ainda as preocupações com a possibilidade da saída de mais países da União Europeia, o que poderia criar um momento de caos do ponto de vista financeiro e comercial. Para o produtor inglês, as mudanças poderiam trazer momentos um pouco mais difíceis, com subsídios menores e custos mais elevados. “Para o Brasil, nada muda. Ainda teremos acesso normal ao mercado, com novos acordos se for preciso”, diz o executivo.
China e consumidores em potencial
Se o Brexit não preocupa tanto, a China preocupa um pouco mais, acredita Steve Cachia. Todavia, “em nada preocupa a demanda crescente por soja e milho”, salienta o analista. “Eles continuarão a quebrar recordes de importação de soja e, a cada ano que se passa, aumenta a necessidade dos chineses de passar a importar milho. Não podemos esquecer que o país não está decrescendo, está apenas crescendo menos do que estávamos acostumados”, completa.
A nação asiática registra, todos os anos, milhões de pessoas migrando para uma classe social mais alta e entrando, portanto, em uma linha de consumo melhor dado seu poder aquisitivo mais elevado. “E o dinheiro muda os hábitos alimentares das populações, a história mostra isso”, lembra Cachia. A demanda é forte e crescente no país por óleo de soja, carnes, grãos, leites, ovos, cereais, entre outros produtos, e isso não deve mudar de padrão tão cedo.
Ao se focar o agronegócio, é possível perceber que em tempos de crise as mudanças mais tardias vêm na alimentação, e quando vêm. Assim, o atual cenário que pode ser observado na China atualmente, se estende para demais países, como a Índia e a África.
“Os produtores rurais ao redor do mundo deveriam ajustar suas perspectivas e visões para o forte potencial de novos clientes consumidores como a África e a Índia, não somente a China”, disse, em um artigo, Erik Norland, economista chefe e diretor executivo do CME Group, grupo em que está inclusa, entre outras, a Bolsa de Chicago.
Embora a África conte com um território expressivo e de grande potencial, há três importantes desafios elencados por Norland para o continente, que conta com mais de 50 países: a dificuldade de geração de recursos agrícolas, a dificuldade na geração de capital e a fragmentação política.
A projeção indica que, em 25 anos, a população africana passe de 1,15 bilhão para 1,91 milhão de pessoas. “E para alimentá-las, será necessária a combinação de um aumento da produção local e de uma enorme compra de alimentos de fora”, explica o economista da CME.
Na Índia, o quadro é semelhante, apesar de uma dieta um tanto diferente. A população local atual também passa de 1 bilhão de pessoas e os recursos para um aumento da produção agrícola também são bastante limitados e um desafio para o país. Até 2040, essa população, ainda de acordo com números da CME e da FAO – o braço da ONU (Organização das Nações Unidas) para alimentação e agricultura, deve apresentar um incremento de mais de 30%.
No link a seguir, confira a entrevista de G. Chandrashekhar da Hindu Business Line a João Batista Olivi, no Fórum do Feijão, em Foz do Iguaçu:
“Não seria uma surpresa se a Índia importar quantidades cada vez maiores de alimento do mercado mundial, principalmente da Europa e das Américas. Além disso, há o potencial de um aumento da quantidade per capita de comida a ser consumida pelos indianos. Ou seja, como a África, a Índia pode ser mais um componente para a tempestade perfeita do aumento da demanda global por alimentos”, acredita Erik Norland.
Consumo de alimentos per capita na Índia – Fonte: FAO
Desde 1991, é possível observar um crescimento de consumo no país de cerca de 50% entre ovos e laticínios e 32% de óleos vegetais. Para os próximos 25 anos, a perspectiva aponta ainda para um consumo de grãos 30% maior, ou seja, em linha com o crescimento previsto para sua população. Atenção redobrada para suas necessidades de milho e arroz.
Consumo de grãos na Índia – Fonte: FAO
“A estagnação na alimentação só acontece em países desenvolvidos, e não naqueles em desenvolvimento. Nesses últimos, pela natureza de populações mais pobres agora tendo acesso a um maior e melhor volume de alimentos e pela industrialização tirando o homem do campo pra morar na cidade, a situação de aumento na demanda parece irreversível”, acredita Steve Cachia. “Por isso, acredito que o mundo de commodities agrícolas ainda está em um ciclo de demanda, apesar da oferta aparentemente abundante”, conclui.
Um levantamento feito em parceira com a FAO, o USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos e a OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico) mostra que, até 2050, o crescimento da oferta de alimentos necessário para atender à demanda mundial deverá vir 40% do Brasil. O assunto foi amplamente debatido por líderes de mais de cem países no Global Agribusiness Forum, em São Paulo, na última semana.
Crescimento da população mundial – Fonte: FAO
Petróleo
No quadro da demanda, Steve Cachia chama a atenção para o mercado do petróleo. Embora há algumas semanas os preços tenham testado uma recuperação e uma volta ao patamar dos US$ 50,00 por barril na Bolsa de Nova York, os movimentos de alta ainda são frágeis, dado o cenário de fundamentos que ainda pressionam as cotações. A oferta é grande e a demanda não acompanha. Apesar disso, em 2016, o WTI, em NY, acumula uma alta de 24,38% e o Brent, em Londres, de 28,30%.
“Se (o mercado) volta a derreter como alguns economistas estão prevendo, isso pode afetar o biodiesel e o etanol, produtos que também têm sua importância subestimada, mas que são hoje uma fatia importante da demanda global de soja e milho. Basta dizermos que, nos EUA, um terço da safra de milho é destinada á indústria de combustível ecologicamente correto”, explica o analista.
Fluxo Monetário
A volatilidade entre ativos mais sensíveis, como as commodities agrícolas, se intensifica ainda mais dado um maior fluxo de dinheiro no mundo, o qual vem crescendo após a crise financeira registrada em 2008. E essa movimentação mais intensa de maiores volumes de dinheiro se dão frente a uma corrida dos fundos investidores por alternativas, quase que diariamente. Hoje, a palavra-chave no financeiro evoluiu de bilhões para trilhões.
“Por isso que a indústria de serviços financeiros de Londres, por exemplo, é um dos setores que mais pode ser atingido por ações como essa do Brexit. Há uma correria para alternativas, como por exemplo ter uma base em Malta, que é um novo centro financeiro, parte da União Europeia, e ainda parte da Commonwealth, o grupo dos países ingleses e ex-colônias da Inlgaterra”, afirma Cachia.
Taxas de Juros
As atuais taxas de juros do mundo são negativas. E, do ponto de vista macroeconômico, a tendência é de que muitas economias mantenham suas referências mais baixas como medida de estímulo diante de tudo o que está acontecendo e também pelo temor de um não crescimento.
“E isso é totalmente ao contrário do que o Brasil faz em momentos de crise econômica. O pavor do Brasil com a inflação faz com que na verdade não se tome medidas de estímulo à economia”, diz. “Se o Brasil baixar os juros haverá uma retomada na economia, que hoje é mais aberta e com uma população mais consciente, o que não necessariamente vai se traduzir em inflação”, completa.
Sobre os juros nos Estados Unidos, as expectativas são de que novas altas que vinham sendo sinalizadas pelo Federal Reserve – o Banco Central norte-americano – e nunca concretizadas, continuem a ser adiadas, de modo a contribuir para o crescimento da economia. Atualmente, a taxa norte-americana de juros é de 0,5% ao ano.